sexta-feira, 22 de agosto de 2014

VÍDEO FICO ASSIM SEM VOCÊ

TEXTO MARIA COLASANTI - EU SEI, MAS NÃO DEVIA

Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

Marina Colasanti
 nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.




12º ENCONTRO DE PPIP E 10º ENCONTRO DE LABORATÓRIO


12º ENCONTRO DE PPIP E 10º ENCONTRO DE LABORATÓRIO

VÍDEO



12º ENCONTRO DE PPIP E 10º ENCONTRO DE LABORATÓRIO




RIO DE JANEIRO, 22 DE AGOSTO DE 2014
12º ENCONTRO DE PPIP
2 TEMPOS
OBJETIVOS
ENTREGAR DE PLANILHAS
ENTREGAR MATERIAL ORIGINAL (ATESTADOS DE CONCLUSÃO)
ORGANIZAR PLANILHA DE REGÊNCIA
RECOLHER MATERIAL PARA DAR ENTRADA NAS PRÓXIMAS MODALIDADES NA 5ªCRE
ORIENTAR ELABORAÇÃO DE PLANO DE AULA PARA REGÊNCIA
10º ENCONTRO LABORATÓRIO
4 TEMPOS
OBJETIVOS

ASSISTIR AO VÍDEO JOGO DE XADREZ
DISCUTIR SOBRE AS QUESTÕES RELACIONADAS AO PRECONCEITO RACIAL E OUTRAS TEMÁTICAS: O ESPORTE COMO ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, A POSSIBILIDADE DE ASCENSÃO INDEPENDENTE DA COR, A NEGAÇÃO DA RELIGIOSIDADE AFRO, A RUPTURA COM A IDEIA DE UM DESTINO PRÉ DETERMINADO PARA CADA “COR DE PELE”
Trecho do blog
Como estamos estudando em nossas aulas, tratar da história do negro após a abolição é uma questão complicada, primeiro porque há um silêncio que quase fez desaparecerem os negros da história recente do Brasil.
Poderíamos afirmar que há um certo branqueamento epistemológico, trazendo para a escrita da história os projetos dos intelectuais racistas da virada do século XIX para o XX. 
Um exemplo de intelectual que defendia o branqueamento está em João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que em 1911 apresentou uma tese no I Congresso Internacional das Raças, em Paris, intitulada "Sur les métis au Brésil", onde prognosticava que o Brasil negro daquele período seria transformado em um país cada vez mais branco no futuro. Usando uma pintura de Modesto Brocos afirmava que (SCHWARCZ,  2000: 31):

"o Brasil mestiço de hoje tem no branqueamento em um século sua perspectiva, saída e solução" 
Em segundo lugar, uma visão equivocada de que uma história dos negros venha alimentar uma falsa ideia de raça, já que ela não existe biologicamente, e em contrapartida contribuiria para a manutenção do racismo e a criação de uma "nação bicolor", dividida entre brancos e negros, o que não seria verdade em se tratando de nossa população mestiça.
Pelo que nós estudamos sobre a questão da escolarização e do trabalho da população negra no pós-abolição, creio que foi possível quebrar o silêncio. 
Baseando-se nas reflexões e nos estudos realizados sobre a história do negro no pós-abolição desenvolva uma resenha crítica do curta metragem O Xadrez das Cores, dirigido por Marco Schiavon, 2004,
Referência:
SCHWARCZ, Lilia M. "Raça como negociação: sobre teorias raciais em finais do século XIX no Brasil". In: FONSECA, Maria Nazareth Soares. Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, pp. 11-39.
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta. "Nelson Mandela
SUGESTÕES DE FILMES RACIAIS PARA TRABALHAR A CONSCIENTIZAÇÃO.
1 - Retrato em Branco e Preto 2- Vista a minha pele 3 - Alguém falou de racismo?
4 - História dos Quilombos do Estado do Rio de Janeiro 5 - Discriminação não é legal
POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCAFRO
FONTE: www.educafro.org.br/downloads/sugestao_filmes.pdf Acessado em 29/09/2009
ASSISTIR O VÍDEO: CAMINHOS DA ESCOLA - EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE 
Muito legal. Mas será que caímos no inverso??? Somos um universo de mestiços! Nem brancos, nem negros, nem índios. Somos mulatos, caboclos, mamelucos... VIVA A DIVERSIDADE!!! DIVERSIDADE LINDA, POVO BRASILEIRO!!!!

TRABALHO: PEGAR O TEXTO DE MARINA COLASANTI E ADAPTÁ-LO

O VÍDEO ( CAMINHOS DA ESCOLA - EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE) LEVANTA OUTRAS TEMÁTICAS IMPORTANTES: O QUANTO ESSA DIVERSIDADE ENRIQUECE NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL, SOCIAL ETC.

ASSISTIR O VÍDEO AÇÕES AFIRMATIVAS (SE HOUVER TEMPO)

O vídeo (AÇÕES AFIRMATIVAS) tem caráter didático e foi elaborado para utilização como material complementar em cursos presenciais de formação de professores. Ele é o primeiro de uma série relativa ao ensino e ao debate de políticas educacionais em produção pelo Núcleo de Estudos de Políticas e Gestão da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Endereço eletrônico (URL): http://www.ufrgs.br/acoesafirmativas/saiba-mais/videos
Patrimônio: Sua função social e ambiental (OLHAR NO BLOG)

Atualmente há preocupação dos estudiosos com relação à responsabilidade social e ambiental do patrimônio da célula social. Não podemos esquecer que a organização é composta por pessoas, pela riqueza e que essas pessoas movimentam esse capital. Essa dinâmica constante do patrimônio vai influenciar a comunidade e o meio ambiente natural em seu aspecto positivo ou negativo.  Assim, o patrimônio tem uma função social e ambiental. Sabemos que a riqueza da célula social é influenciada pelo entorno como, também, produz influência sobre a comunidade. Isto é axiomático (verdade inquestionável). Há uma interação constante entre o ambiente e o capital da célula social. Desde o século XVIII alguns estudiosos já observavam tal interação.